domingo, 28 de fevereiro de 2016





Meu sertão agridoce


Pele tostada pelo sol
Calos encrespando as mãos.
Sou sertanejo, sou forte
Não me amofino na luta não!
Acordo cedo, pego minha enxada
Preparo as leiras, sonho com o verde da plantação.
Mas o sol não dá trégua
Queima tudo sem compaixão.
E para não desanimar, finco os joelhos na terra
Faço uma prece pro meu “ Padim Ciço Romão”
Para que ele peça a Deus, misericórdia
Socorro para o nosso querido sertão
Fazendo cair nele chuva em abundância
Para vingar os roçados de mandioca, batata, milho e feijão.
E faça verdejantes os pastos
E transbordarem os ribeirões
Para que o sertanejo não passe nem fome nem sede
E seus olhos não vejam o gado morrer por inanição.
Oh, Deus! Não deixeis que aconteça dos meus filhos chorarem com fome
Sem eu lhes poder dar ao menos um pedaço de pão.
Isso me faria um homem tresloucado
E obrigado a sair do meu torrão
Em busca de melhores dias
Mas sei que o que encontraria seria só desilusão
Pois iria morar em alguma favela
Ou dormir ao relento sob a marquise de um espigão
Como tantos outros desvalidos
Esmolando... Sofrendo humilhação.
Não! Deus me livre dessa sina!
Nenhum vivente merece passar por isso não!
Está decidido: do meu sertão eu não saio
Vou morrer vestindo meu chapéu de couro e gibão !
E mesmo que a seca seja severa
Desamparado sei que não ficarei não
Pois Deus se apiedará do meu flagelo
E fará cair a chuva sob esse árido chão
Que cheio de vida outra vez estará
E nesse dia serei, o mais feliz dos cristão!


( Inez Resende de Jesus)

Nenhum comentário: