ENTARDECER
Cai a tarde vaporosa
e lenta
Matizada pelas
chispas douradas, escapadas do sol poente
Adormece embalada
pelo gorjear das aves canoras, numa sinfonia de doce lamento
Preludiando
a noite preta, tracejada por buliçosas estrelas cadentes
Saudando a
lua alheada, entre nuvens violáceas e cinzentas
Cai a tarde,
pacientemente...
Vem soprada pelos vórtices, varrendo as folhas
secas, barulhentas
Rouquejando
como lâminas afiadas, pelas calçadas arrastadas; ruidosamente
Quebrando o
silencio das tardes bucólicas e de lirismo florente
Cenário
idílico que à poesia inspira é dá ao poeta preciosa ferramenta
Levando-o a
mergulhar na quimera e mitigar a dor que na alma sente
Para que a
tristeza seja humilhada e tratada, como
coisa pestilenta
A felicidade recrudesça e seja grassada pelos silfos
dos ventos
Devolvendo à boemia, a poesia da ruazinha
silente
Aquietando-se sob as centelhas douradas, bordando o mando prateado da lua
nascente.
( Inez
Resende de Jesus)
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