quarta-feira, 31 de julho de 2019





SOLIDÃO

                                                      
                                              Inez Resende

De repente me vi só
Vagando por ruas tortas
Velando estrelas mortas
Mergulhadas na escuridão.

Soprada ao sabor do vento, seguindo
Aceitando qualquer porto como direção
A ermo apenas indo
Como folhas errantes rolando ao chão

Na noite fria, pirilampos, revoam
Debuxam centelhas na escuridão
Pontilhando o céu dos poetas
Alimentando-lhes a inspiração.

Mas na noite voraz poesia eu não vejo
E sigo voltejando nas asas da desolação
Às vezes, esperançosa de que a força do que fui me resgate
Faça-me livre das garras da desilusão.

E eu veja as lágrimas virarem alegria,
As chagas, cicatrização
Para eu dizer: ─ Doeu, mas sobrevivi, sou feliz,
Nos meus dias já não mora a contrição.

Um comentário:

José Gomes disse...

Boa noite!
Adorei ler-te!
Eu sempre digo que muitas vezes a solidão nos veste do que não somos e nos leva exatamente onde nunca gostaríamos de ter saído!
Grande abraço e muito sucesso!